Por me considerarem uma pessoa disponível (não tenho marido nem filhos), sem grandes preocupações e com um grande coração e muita boa vontade (não quer dizer que o seja realmente), muitas vezes sou vítima do chamado presente envenenado. O que é isto do presente envenenado? É muito simples, é quando te oferecem uma tarefa, que na sua essência será uma tarefa simples, de fácil execução e que demora pouco tempo, mas no entanto vai-se a ver e não é nada disso e tens que parar com tudo o que estás a fazer (mais uma vez, de certeza que não é algo importante para ti nem para ninguém...) e tens que dar a alma e o coração para o bem comunitário e familiar. Estas coisas estão sempre e constantemente a acontecer-me e fico sempre com um amargo na boca pois quase sempre não me dão opção de escolha. Claro que há sempre opção de escolha, dizem vocês! Claro que há, mas essa opção de escolha passa por isolamento, egoísmo e ausência (o que muitas vezes também me apetece). Mas convenhamos que se partilhamos o mesmo espaço, temos um apoio familiar forte e usamos o mesmo teto, às vezes temos que:
- comer e calar e aceitar o presente envenenado;
- resmungar e declarar que fomos literalmente enganados e que estamos descontentes com isso e fazer na mesma a tarefa;
- não executar a tarefa e ficarmos no nosso canto (se conseguirem ficar sem pesos de consciência, digam-me como fazer);
- arranjar forma de passar o presente envenenado a outra pessoa;
ou então (e parece-me um bocadinho melhor):
- partilhar a(s) tarefa(s), para esta não seja tão custosa a nenhuma das partes;
- às vezes o dar a escolher qual a tarefa a realizar também resulta bem.
Para que não hajam tantos presentes envenenados, é preciso que os ofertantes pensem que nem sempre as pessoas solteiras e boas de coração estão para receber constantemente presentes envenenados e o que pretendem é só um pouco de consideração, respeito e voto de decisão.
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